domingo, 20 de janeiro de 2013

PROPOSTA DE FORMAÇÃO


Prefeitura Municipal de Santa Cruz da Baixa Verde - PE
Secretaria de Educação


1. JUSTIFICATIVA

            A educação, compreendida como prática cultural que tem por finalidade a humanização do ser humano fundamenta-se no pressuposto de que a humanização do humano não se limita a processos biológicos. Sendo assim, o referido processo, extrapola a esfera exclusivamente biológica para alçar o ser histórico.
            Segundo Freire a assunção do ser histórico nos impõem ao reconhecimento de que "somos seres condicionados, mas não determinados. Reconhecer que a história é tempo de possibilidade e não de determinismo, que o futuro [...] é problemático e não inexorável"(1996, p. 19).
            Pensar a educação como um instrumento de mediação fundamental - necessário e não suficiente - no processo de transformação social, que nos permite, enquanto ato criador, pensar o presente e projetar o futuro, alimenta a 'esperança crítica' de educadores e educadoras que se ancoram na concepção de utopia enquanto atividade humana orientada para o futuro, materializada na força ativa antecipadora dos ' sonhos diurnos'.  Nessa acepção, a utopia vincula-se a realização dos sonhos possíveis "[...] o utópico não é o irrealizável; a utopia não é o idealismo, é a dialetização do ato de denunciar e anunciar, o ato de denunciar a estrutura desumanizante e de anunciar a estrutura humanizante” (FREIRE, 1980, p.27).
A natureza singular do direito humano fundamental à educação, como direto que promove o acesso a outros direitos, encontra substrato no princípio da dignidade humana compreendido como valor inerente a natureza humana e reconhecida pela própria razão humana. A preleção reforça a compreensão de que os direitos humanos se fundamentam na dignidade e na razão humana, de que são naturais, iguais, interdependentes e  universais.
Além do princípio da dignidade humana, as Diretrizes Nacionais para a Educação em Direitos Humanos (DNEDH/MEC, 2012) reconhece os princípios da igualdade de direitos, do reconhecimento e valorização das diferenças e das diversidades e, dentre outros, o da sustentabilidade socioambiental.
    
                                      [A Educação para a sustentabilidade socioambiental deverá] estimular o respeito ao espaço público como bem coletivo e de utilização democrática de todos/as. [Também ainda deverá] estar comprometida com incentivo e promoção de um desenvolvimento sustentável que preserve a diversidade da vida e das culturas, condição para a sobrevivência da humanidade de hoje das futuras gerações (DNEDH, 2012, p. 10).
                                      Consubstanciado na compreensão da educação como direito humano fundamental, e da educação em direitos humanos enquanto parte integrante desse  direito, a Secretaria de Educação de Santa Cruz da Baixa Verde  elege Educar para a Sustentabilidade Socioambiental: desafios para a prática pedagógica como temática central do processo de formação continuada em serviço de professores e professoras da Rede Municipal de Ensino,  com o objetivo de oferecer instrumentos teórico-metodológicos necessários para a realização de práticas pedagógicas que incorporem os princípios da sustentabilidade socioambiental e da igualdade com fundamento nas diversidades e nas diferenças.
                                        Para fundamentação teórica dessa proposta de formação recorremos a Souza, 2007, que se esforça para avançar no entendimento da prática pedagógica enquanto práxis pedagógica, com base no argumento de que o fazer pedagógico é por natureza uma atividade refletida. Nesse esteio define práxis pedagógica:

                                  [...] como ação social coletiva da instituição na qual se inter-relacionam, conformando uma unidade: as práticas docente, discente, gestora, e epistemológica ou gnosiológica, permeadas por afetividades na busca de garantir sua contribuição à construção da humanidade do ser humano, em todas suas feições (p.10).

                                        A sustentabilidade socioambiental da educação implica na busca de alternativas para uma organização social que garanta trabalho, emprego e vida digna para todas as pessoas e não apenas a uma minoria. Educação com sustentabilidade socioambiental humaniza, procura superar a lógica da competência e da técnica como únicas alternativas à educação. É nesse contexto que a Secretaria de Educação de Santa Cruz da Baixa Verde se propõe a refletir sobre a sustentabilidade socioambiental da educação na perspectiva da construção de uma sociedade organizada com justiça social.
                                        Segundo Padilha (2009) o tempo no qual vivemos é o tempo de construção de opções. Se já não há certezas absolutas, resta ao menos a certeza de que a incerteza é exatamente a abertura para possibilidades. É, portanto, um tempo prodígio e adequado para abrir novos caminhos. Uma tentativa, um dizer, de novo, como nos lembra o poeta Thiago de Melo: “Caminhante, o caminho se faz ao caminhar”.

                            Educar é movimento. É caminhar e, alternadamente, ter um pé no chão e o outro na utopia. Quem educa com os dois pés fincados na realidade tende a ser pessimista, derrotista, mal-humorado; quem o faz apenas sonhando, não consegue perceber as dificuldades concretas do cotidiano; vive como dizem, "com a cabeça ao vento" e não consegue fazer as devidas pontes entre o sonho e a realidade. Educar é explorar todo o nosso potencial humano e espiritual, as nossas subjetividades e as nossas objetividades. É reconhecer os diversos tempos e espaços de nossa existência (p. 41).  



2. OBJETIVO GERAL

                            Oferecer instrumentos teórico-metodológicos necessários para a realização de práticas pedagógicas que incorporem os princípios da sustentabilidade socioambiental e da igualdade com fundamento nas diversidades e nas diferenças.


2.1. OBJETIVOS EPECÍFICOS

                            Assegurar o processo de formação continuada em serviço para os profissionais de educação que atuam na Rede Municipal de Ensino de Santa Cruz da Baixa Verde-PE. Fundamentar construção e a avaliação do Projeto Político Pedagógico da Escola.


3. META
                           
                            Formar 150 profissionais de educação que atuam na Rede Municipal de Ensino de Santa Cruz da Baixa Verde-PE.


4. METODOLOGIA
                           
                            A formação será organizada e vivenciada através de palestra, mesa redonda e grupos de trabalho, com carga horária de 08 horas.
                            Considerando o caráter transversal da temática - Sustentabilidade Socioambiental: desafios para a prática pedagógica - a metodologia de trabalho a ser desenvolvida deverá eleger os princípios pedagógicos da interdisciplinaridade e da contextualização no sentido promover a vivência de práticas pedagógicas de forma a possibilitar a problematização dos conteúdos curriculares, pressupondo que todas as disciplinas, guardando suas especificidades, poderão reservar espaço para o estudo da temática.
                           

                            Referências Bibliográficas
                            BRASIL. Resolução nº 1 de 30 de maio de 2012. Estabelece Diretrizes Nacionais para  a Educação em Direitos Humanos. Ministério da Educação, Conselho Nacional de Educação/Conselho Pleno.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.
                            FREIRE, Paulo. Conscientização: teoria e prática da libertação. São Paulo: Moraes, 1980.
                            FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996.
                            PADILHA, Paulo Roberto. Educar em todos os cantos: reflexões e canções por uma educação intertranscultural.  São Paulo: Cortez, 2007.
                            SOUZA, João Francisco. E a educação popular: que?? Uma pedagogia para fundamentar a educação, inclusive escolar, necessária ao povo brasileiro. Recife: Bagaço, 2007.

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